Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil

Foto: TV Bahia

O rei de Ifé, cidade que é berço da etnia iorubá na Nigéria – país mais populoso de África – entregou o primeiro título de reconhecimento a um território quilombola no Brasil, neste domingo (19). A cerimônia foi na comunidade Quingoma, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador.

Sua Majestade Adéyeye Ènìtán, ou apenas Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀ (rei de Ifé), chegou à Bahia com uma comissão durante a tarde, e foi recebido com a reverência de uma orquestra de atabaques e berimbaus. O povo iorubá é a principal etnia nigeriana.

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil — Foto: TV Bahia

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil — Foto: TV Bahia

O Quingoma festejou a entrega do título de território iorubá. Os povos iorubá se conectam pela história, cultura e pela língua. O quilombo foi reconhecido por ter recebido e acolhido pessoas iorubá, que foram escravizadas e retiradas à força de África.

Com a formação do quilombo, os costumes e os ensinamentos iorubá se mantiveram vivos. Com isso, a cultura seguiu por muitas gerações, perdurando até os dias atuais. O reconhecimento do Quingoma como território iorubá é mais um passo na luta por respeito à história africana.

Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀, que além de majestade é uma autoridade religiosa importante para os iorubá, destacou que todos os cidadãos negros devem se sentir verdadeiramente livres, orgulhosos, porque são filhos de reis e rainhas e têm história.

Simbolismo da monarquia nigeriana

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil — Foto: TV Bahia

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil — Foto: TV Bahia

A Nigéria é um país com regime presidencialista, ou seja: governado por um presidente. A monarquia foi abolida ainda na década de 1960, mas o conceito de reinado segue relevante no país, para a manutenção das tradições africanas, antes da invasão de europeus no continente.

Apesar de não terem governança, reis nigerianos como Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀ são parte relevante para a política no país, porque carregam o legado e o respeito da cultura da Nigéria. A cidade de Ifé, por exemplo, é considerada sagrada, porque fica no que é o centro do mundo, para os africanos.

Na cosmogonia africana, Ifé pertence ao estado de Oxum, e foi criada por Oduduá: orixá irmã de Oxalá, e uma das principais divindades iorubás.

Quilombo Quingoma

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil — Foto: TV Bahia

Rei de Ifé, tradicional berço iorubá da Nigéria, entrega 1º título a território quilombola no Brasil — Foto: TV Bahia

A história do quilombo tem origem no século XVII. Atualmente, cerca de 580 famílias vivem na área que tem aproximadamente 1.200 hectares. O Quingoma é reconhecido como território quilombola pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2013.

Apesar disso, a comunidade quilombola ainda convive com as ameaças da expansão imobiliária e a comunidade cobra a entrega de títulos de terra. A líder espiritual, educadora popular e agricultora Ana Lúcia dos Santos, a Donana, falou sobre a luta para manter o território.

“Esse território é sagrado. Ele se torna sagrado quando nós recebemos os nossos ancestrais aqui, vindo conosco através desse oceano, nos navios negreiros, porque eles não nos abandonaram. Nós estamos aqui com eles. Esse território é sagrado e precisa ser protegido”.

fonte: G1

Redação

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